Vinicius Júnior chora e faz desabafo sobre casos de racismo; “Cada vez tenho menos vontade de jogar”

Foto: Reprodução/CBF TV
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Ex-atacante do Flamengo, Vinícius Júnior se emocionou em meio à entrevista coletiva após falar sobre o racismo sofrido na Espanha

Infelizmente, a questão do racismo voltou a estar em pauta em outra entrevista com Vini Jr. O ex jogador do Flamengo deu entrevista coletiva em Madri, onde o Brasil enfrentou a seleção espanhola na terça-feira (26). Durante entrevista aos repórteres, Vinícius abriu o coração e não conseguiu conter as lágrimas.

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Vini Jr. admitiu que está cansado de lutar contra a discriminação que enfrenta quase todos os dias neste país. Embora a estrela peça às autoridades que tomem medidas, os criminosos raramente são punidos. O camisa 7 do Real Madrid ainda admitiu que tinha pouca vontade de jogar futebol.

“Temos que falar menos de tudo que faço de errado dentro de campo. Claro que tenho que evoluir, melhorar, mas tenho apenas 23 anos e é um processo natural, porque saí muito novo do Brasil e não tive tempo para aprender muitas coisas. Tô estudando, então por qual motivo eles, os repórteres daqui da Espanha que são mais velhos que eu, não podem estudar, não podem ver o que realmente está acontecendo, que eu estou cada vez mais triste, cada vez eu tenho menos vontade de jogar”, desabafou.

Por outro lado, os torcedores brasileiros o ajudam a continuar lutando contra o racismo, dentro e fora de campo:

“(Tira força) por todos que torcem por mim, me acompanham e que cada vez me mandam mais mensagens para eu seguir lutando por eles. Hoje tenho uma força muito grande dentro de mim, na minha casa, na minha família, que eles me apoiam em tudo que vou fazer e nem todos têm esse apoio. Tenho a tranquilidade de por vir aqui e falar por tantas pessoas… Quero seguir por eles, seguir por todos que sabem pelo que passo e passei e que é muito difícil”, completa.

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Vini Jr cobra mais rigor das autoridades

“(O que frustra mais) é a falta de punições. Se a gente começar a punir todas essas pessoas que cometem crime e que, aqui (na Espanha), eles não consideram crime, nós vamos começar a evoluir e tudo vai começar a ficar melhor para todo mundo. Faço tantas denúncias, chegam cartas para eu poder assinar para fazer mais denúncias, só que no final acontece como aconteceu em Barcelona e eles arquivam o processo e ninguém sabe de nada”, afirmou.

Vinícius continua explicando como a punição pode transmitir a mensagem de que o racismo é um crime grave.

“Então se a gente começar a punir todas as pessoas… Não que eles vão mudar o pensamento deles, mas ficarão com medo de falar, seja na porta do estádio, ou onde tenham câmeras e assim a gente vai diminuir isso e colocar medo nessas pessoas. Que eles possam também educar seus filhos, porque muitas vezes aqui têm crianças me xingando e eu não culpo as crianças, pois eles não entendem ainda — na idade deles eu também não sabia o que era racismo — e isso é muito complicado”.

“Se fosse só por mim, teria desistido”

Além do apoio de seus fãs, outra coisa que torna esse astro forte na luta contra o racismo é a importância de ajudar outras pessoas negras a viver em um mundo melhor.

“No futebol têm muitas pessoas, jogadores melhores do que eu que já passaram por aqui e eu quero fazer com que as pessoas no mundo possam evoluir e que podemos ter igualdade em um futuro bem próximo. Que possam ter menos casos de racismo e que os negros possam ter uma vida normal como tantas outras. Quero seguir lutando só por isso, pois se fosse só por mim eu já teria desistido. Fico dentro de casa, ninguém vai me xingar ou fazer algo comigo. Vou aos jogos com a cabeça centrada no jogo para que eu faça o melhor para minha equipe, mas nem sempre é possível. Tenho que me concentrar muito, todos os dias”, desabafa.

A contundente entrevista de Vinícius Júnior terminou com aplausos na sala de imprensa do CT do Real Madrid. Durante a conferência de imprensa, dois jornalistas ficaram emocionados com este jogador. Tati Mantovani, da TNT Sports, quebrou a voz ao conversar com Vini. Pelo contrário, Kiyomi Nakamura do Japão não conseguiu conter as lágrimas na sala.