Opinião: Caso Pedro: Em qual lado você está?

Por Thalia Macedo

O caso Pedro tomou grande proporção desde a vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-MG, na Arena Independência, pela 17ª rodada do Brasileirão. Isso porque além da agressão cometida pelo preparador físico Pablo Fernández, que acabou demitido, o atleta também afirmou que tem sofrido covardia psicológica por parte da comissão técnica de Jorge Sampaoli. Após o episódio, Pedro não compareceu ao treino do dia seguinte, o que inflamou os ânimos da diretoria, que decidiu puni-lo por indisciplina com multa e suspensão do jogo de ida da Libertadores.

Conversei com alguns torcedores sobre essa novela e observei que o assunto está mais polarizado que o cenário político de 2022. Brincadeiras à parte, é surpreendente como parte dos torcedores desejam acompanhar os jogos do Flamengo, sendo o Pedro, o protagonista, mesmo que isso signifique mudar o treinador. Outro núcleo, torcem pelo bem-estar do atleta, o que implica na saída dele. Têm aqueles que o consideram um ‘mimado’, pois como profissional deveria aceitar e respeitar o modelo proposto pelo Argentino. E há outro perfil de torcedor, sendo este no qual me encaixo. Calma, caros leitores! Logo abaixo explicarei.

Quem é Pedro Guilherme Abreu dos Santos? É um cara de área, possui boa estatura, joga com os dois pés, sabe proteger a bola, com movimentos rápidos. Um “Centroavante com características únicas” assim como enfatizou o ídolo Zico. Durante os três anos de flamengo, o famoso Queixada já conquistou oito títulos com o Manto Sagrado (Campeonato Carioca), (2020 e 2021), Brasileirão (2020), Supercopa do Brasil (2020 e 2021), Recopa Sul-Americana (2020), Libertadores (2022) e Copa do Brasil (2022), além disso, em 2022, o jogador foi coroado Rei da América e a boa atuação o levou para a Seleção Brasileira para a disputa do Mundial do Catar. Portanto, é indiscutível a qualidade técnica do jogador. Os gols, os títulos e a discussão em torno da pauta deixam explícito a importância do atleta.

Entretanto, Pedro não é intocável. E àqueles que dizem que o Gabigol tem esse privilégio, informo-lhes que o camisa 10 já passou por situação parecida que culminou em multa e também com ausência em jogo. Não obstante, em 2022, o Gabriel Barbosa ‘aprendeu’ a jogar com Pedro em prol do bom desempenho do Camisa 9. O Bruno Henrique que voltou de lesão é outro jogador que não deve ficar no banco e apesar de se destacar individualmente, colabora ainda mais com a equipe quando atua junto ao Gabigol.

Talvez este seja o único problema em ter grandes estrelas em um clube, pois exige mais acompanhamento e conhecimento do técnico na hora de realizar as substituições. Diante de tantas opções altamente capacitadas, a escolha deve corresponder à altura. E aí entra o papel de Jorge Sampaoli! O argentino tem realizado boas substituições e está buscando ter uma equipe mais competitiva. Ainda falta muito, porém, o time rubro-negro é o único vivo nas três competições e com chances reais conseguir o que seu antecessor não conseguiu, títulos.

Portanto, eliminaria a primeira sugestão, já que o trabalho do técnico não pode ser interrompido, o segundo grupo, por sua vez, agiu com emoção e esqueceu que um contrato deve ser seguido, e ainda bem que existe este termo, assim poderemos assistir a um excelente jogo com o 9 bolado em campo. Também descarto a opinião do terceiro, haja vista que assumiu uma postura insensível diante da situação e desconsidera fatores psicológicos que afetam o profissional, embora, não seja adequado conduzir o problema de forma tão imatura como fez o jogador.

Logo, compactuou com o pensamento do quarto grupo, a diretoria não administrou a situação da melhor forma, ainda que tenham tentado. O preparador físico realmente deveria ser demitido, como aconteceu, a punição do Pedro foi justa, no entanto, a saúde psicológica do atleta não deveria ser negligenciada. Apoio emocional, uma semana de trabalhos realizados internamente com profissionais da saúde e com especialistas da área esportiva; medidas que são confundidas com bajulação, mas que são formas de contornar a crise de relacionamento. Além de uma investigação para analisar essas ocorrências citadas pelo jogador. No que tange ao modelo tático escolhido pelo técnico, é de suma importância que seja respeitado, pois, até os números dizerem o contrário, o trabalho realizado tem sido eficiente.