Aos 33 anos, Dani Mozer é hoje um dos principais nomes quando o assunto é preparação mental no CrossFit. Ex-jogador de futebol e filho do lendário zagueiro Mozer, campeão do mundo pelo Flamengo em 1981, Dani decidiu construir o próprio legado fora dos gramados. Após pendurar as chuteiras aos 25 anos, dedivo a sucessivas lesões no joelho, encontrou no CrossFit não só um meio de reabilitação física, mas o início de uma nova missão profissional.
“Foi durante uma das minhas recuperações que conheci o CrossFit. Comecei a treinar para melhorar o condicionamento, mas rapidamente me apaixonei pelo conceito da comunidade, pelo ambiente e, principalmente, pelas pessoas que praticam o esporte. Aos poucos, percebi que eu poderia contribuir de outra forma”, conta Mozer.
O que era um recomeço virou um chamado, uma missão. Com bagagem sólida em estudos de alta performance, coaching, PNL e hipnoterapia, Mozer começou a orientar companheiros de box às vésperas de competições.
O primeiro atendimento foi informal: dois atletas prestes a competir procuraram apoio. Ele os ajudou alinhar a mente, recuperar a confiança e competir com foco. Deu certo e foi aí que o treinador mental nasceu.
Desde então, já são sete anos trabalhando com atletas de CrossFit, período em que Mozer atendeu mais de 100 nomes, entre amadores e profissionais de elite, como Fábio Dechichi, Anita Pravatti, Henrique Moreira, Susana Etto e Ana Laura Cattai. O trabalho é feito de forma personalizada: alguns chegam chegam sem confiança em si mesmo, diálogo interno negativo e sintomas de ansiedade; outros, com o pensamento no topo, querendo bater metas ousadas e conquistar pódios. Mozer atua nos dois extremos – e em todo o meio do caminho.
“Trabalhar com um atleta que está emocionalmente abalado exige sensibilidade. Às vezes, ele perdeu o prazer de treinar, está inseguro, desmotivado, sem identidade. O papel do treinador mental é resgatar a confiança, reorganizar a mente e mostrar que ele pode fazer da sua mente a principal aliada e voltar a competir – e vencer. Já com atletas de alto rendimento, que estão em busca de recordes e resultados extraordinários, o foco é mais técnico: fortalecer a concentração, controlar impulsos, gerir emoções, desenvolver presença e neutralidade como resposta ao erro”, afirma Mozer, salientando que entre seus atletas estão pentacampeões brasileiros, campeões do TCB e diversas classificações para o CrossFit Games.
O CrossFit tem crescido de forma consistente no Brasil e no mundo. Segundo levantamento do portal Folha do Mate, o número de boxes no país cresceu quase 6.000% em uma década, tornando o Brasil o segundo maior mercado da modalidade, atrás apenas dos Estados Unidos. O esporte, que mistura levantamento de peso olímpico, ginástica e exercícios cardiovasculares, é conhecido por testar os limites físicos e mentais dos praticantes – o que exige cada vez mais atenção à preparação psicológica.
Além dos ganhos físicos, estudos mostram que o CrossFit pode ajudar a reduzir níveis de estresse, melhorar o humor e promover sensação de bem-estar geral.
“É uma prática intensa, com metas altas, ambientes competitivos e constante superação – independentemente do nível do participante. Se a mente não estiver bem trabalhada, o corpo não responde. E o contrário também é verdade: uma mente forte pode fazer o corpo render o que parecia impossível”, analisa o treinador.
“A preparação mental não é luxo, é pilar da performance. A maioria dos atletas de ponta já entendeu isso. Eles sabem que não adianta ter o melhor treinador físico, a melhor planilha e o melhor equipamento, se a cabeça está sabotando. Meu trabalho é abrir espaço interno para que tudo isso funcione. Às vezes é tirar um peso invisível das costas. Outras vezes, é acender uma chama que estava apagada”, diz Mozer.
Discreto, acessível e objetivo, Dani Mozer não se apoia no sobrenome nem em conquistas do passado. Seu foco está no que pode construir com os atletas que atende hoje. Em um esporte onde o limite está sempre sendo empurrado, Mozer é quem prepara a mente de quem não pode se dar ao luxo de fraquejar.
Por: Debora Figueiredo
