5 anos da era Landim no Flamengo: erros e acertos financeiros

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Rodolfo Landim completou cinco anos como presidente do Flamengo nesta segunda-feira (1º). Durante sua gestão como presidente do Mais Querido, o clube seguiu o planejamento financeiro iniciado em 2013 e alcançou os maiores orçamentos da história do futebol brasileiro. Entre erros e acertos, a gestão bateu recordes de receita e reduziu bastante a dívida, mas também inflou os pagamentos do futebol.

Landim assumiu o comando do Flamengo após a saída de Eduardo Bandeira de Mello, que liderou os primeiros seis anos de reestruturação financeira. Depois de temporadas de austeridade financeira, com rendimentos bem menores e pagamentos de dívidas de curto prazo, o Fla chegou em 2019 com caixa e capacidade de ser agressivo no mercado.

Grandes contratações levaram a vitórias no Brasileirão e na Libertadores no primeiro ano, rendendo grandes prêmios em dinheiro. Além disso, a gestão de Landim conseguiu novos contratos de patrocínio e aumentou as receitas do clube. O Fla encerrou 2019 com faturamento de R$ 950 milhões, muito superior aos R$ 538 milhões do ano anterior.

O Flamengo ainda tem balanço oficial para 2023, mas a expectativa é que o clube registre um valor em torno de R$ 1,3 bilhão. Se confirmado, o valor se tornará um novo recorde de receita para o futebol brasileiro. Superando os valores do próprio clube em 2022. Veja a lista dos ganhos do Fla em 2019:

  • 2019- R$ 950 milhões
  • 2020- R$ 756 milhões*
  • 2021- R$ 1,082 bilhão
  • 2022- R$ 1,151 bilhão
  • 2023- R$ 1,3 bilhão*

Em 2020, o Flamengo precisou refazer os cálculos do orçamento em função da pandemia de Covid-19. O clube esperava arrecadar R$ 1 bilhão, mas revisou os números e faturou 20,5% a menos que 2019.

* A receita de 2023 não foi oficializada pelo Flamengo, o que vai ocorrer nos primeiros meses de 2024.

Imediatamente após a posse, Landim teve que lidar com a saída da Caixa Econômica Federal do cargo de patrocinador principal. O banco estatal pagava ao Rubro-Negro 25 milhões de reais por ano. Porém, conseguiu manter o mesmo nível de receita de patrocínios em um ano de declínio para a maioria dos times do Brasil.

Desde então, o Manto Sagrado tornou-se a camisa com os patrocínios mais caros do futebol nacional. Na semana passada, o Flamengo aprovou acordo para que a Pixbet seja a principal patrocinadora do clube por dois anos. A casa de apostas pagará um total de R$ 170 milhões. Com a Caixa, o valor seria pago ao longo de sete anos de parceria.

No total, a camisa do Mengão inicia 2024 como a mais valiosa do Brasil: R$ 213 milhões.

  • Pixbet: R$ 85 milhões
  • Adidas: R$ 69 milhões
  • BRB: R$ 6,2 milhões
  • Mercado Livre: R$ 21,5 milhões
  • ABC: R$ 7,1 milhões
  • Tim: R$ 5 milhões
  • Assistant card: R$ 20 milhões

A gestão da Landim foi responsável por praticamente todos os contratos, com exceção da TIM. Isso inclui um novo contrato milionário com a Adidas, uma parceria com o Banco BRB e um novo master. Em 2018, o setor de marketing e comercial recebeu R$ 124 milhões. Um valor que a própria camisa do jogo superou.

O atual contrato de transmissão do Flamengo no Campeonato Brasileiro foi assinado na gestão de Bandeira de Mello em 2016. No entanto, a gestão de Landim contribuiu para manter o Mengão com grande vantagem sobre os demais clubes em termos de faturamento.

Enquanto a maioria dos clubes disponibilizava recursos para quitar dívidas ou atrasos com jogadores, o Flamengo mantinha suas contas em dia. Mesmo durante a pandemia, quando as vendas diminuíram, o clube nem cogitou pedir adiantamento. Portanto, manteve a cláusula de mínimo garantido no contrato. Em 2022, o Fla recebeu R$ 495 milhões em direitos de transmissão e prêmios.

Agora Landim representa o Fla nas negociações pelos direitos televisivos a partir de 2025. O presidente é um dos líderes da Libra, bloco de clubes negociadores, e deve assinar um acordo de mais de R$ 1 bilhão com a TV Globo. Desse valor, o Rubro-Negro terá a maior fatia.

Outro fator significativo para o Flamengo atingir seu patamar financeiro atual foi a receita proveniente da venda de atletas. Um dos principais treinadores de jogadores do Brasil, o time investiu nas categorias de base e obteve retorno. Nos últimos cinco anos, o Fla faturou R$ 634,3 milhões com a venda de Garotos para Ninho.

Entre as mais destacadas estão as saídas de Reinier, vendido por R$ 136 milhões, e de Matheus França, que deixou o Mengão por R$ 104,5 milhões. Um total de 19 jogadores revelados na base foram vendidos para atingir valor. Alguns saíram por um preço alto apesar do pequeno espaço especializado, como é o caso de Yuri César (R$ 26,1 milhões).

É importante ressaltar que o valor não leva em consideração quanto os atletas ganharam ao clube após a venda. Por exemplo, Lucas Paquetá deixou o Fla em 2018 e faturou R$ 10 milhões entre 2019 e 2022. Receitas como a do zagueiro espanhol Pablo Mari, que gerou R$ 55 milhões aos cofres do clube.

A dívida do Flamengo era de R$ 455 milhões quando Rodolfo Landim assumiu a presidência. Um valor bem menor que os R$ 737 milhões do início de 2023, mas um valor significativo. Afinal, o clube faturou 538 milhões de reais e as dívidas representaram 84% do faturamento.

A dívida aumentou nos primeiros anos de liderança de Landi, atingindo R$ 721 milhões ao final de 2020. Porém, assim como as receitas cresceram exponencialmente, a dívida do clube diminuiu drasticamente a partir de 2021. Ao final de 2022, o valor era de R$ 444 milhões.

Em entrevista recente, Landim afirmou que o Flamengo deve atualmente cerca de R$ 200 milhões. E é importante ressaltar que o valor leva em consideração dívidas e aquisições de atletas com parcelas já acertadas.

A passagem de Rodolfo Landimo pelo Flamengo é repleta de sucessos financeiros, mas apresenta falhas no futebol. A diretoria tem participação em todos os títulos do período determinado, pois montou um elenco vencedor, mas também cometeu erros que complicaram o mercado de transferências do clube. A principal delas é certamente quando se inflaciona a massa salarial.

É natural que grandes atletas como Arrascaeta, Gabigol, Bruno Henrique e outras estrelas do time recebam altos salários. Porém, os dirigentes ofereceram contratos muito superiores ao padrão do futebol brasileiro para os atletas contratados pelo time.

Com isso, fica difícil negociar com os atletas no mercado de transferências. Os zagueiros David Luiz e Pablo, por exemplo, estão fora dos planos de Tite para 2024. Porém, não receberam ofertas financeiras próximas do que ganham no Fla e manifestaram desejo de cumprir o contrato.

A permanência dos jogadores afeta a atuação do Fla no mercado de transferências. O clube busca reforços significativos, mas permanece vigilante para manter o crescimento salarial dentro do orçamento. Além disso, deverão contratar apenas um zagueiro, a menos que vendam David ou Pablo.

Segundo Bruno Spindel, presidente do Flamengo, a conta salarial é de R$ 25 milhões, incluindo direitos de imagem e o 13º salário dos atletas. O valor não inclui apenas prêmios, pois os valores variam de acordo com o desempenho da equipe.