Torcedor assumido, Tino Marcos relembra como escondeu a paixão pelo Flamengo

Foto: Reprodução

Tino Marcos trabalhou por anos na TV Globo, cobrindo o futebol brasileiro e também a Seleção Brasileiro em Copas do Mundo. Recentemente, o jornalista revelou seu amor pelo Flamengo e surpreendeu a todos por conta da forma em que conseguiu esconder e nunca transpareceu o seu amor pelo clube. Perguntado no podcast do narrador José Carlos Araújo, o repórter revelou como conseguiu manter a imparcialidade sem demonstrar a torcida pelo Mengão.

Não foi difícil. Eu sempre separei muito a condição de repórter de torcedor. Não tem jeito, a gente tem que fazer nosso trabalho em primeiro lugar. Sempre tentei e consegui não transparecer, não dar nenhuma (brecha), nada que interferisse em termos de conteúdo. Isso em relação aos clubes e em relação a quem me trata bem ou mal.

Tino Marcos

Uma vez, acho que foi em 87 que o Vasco foi campeão carioca, o Zico jogou uma monstruosidade, mas o Vasco venceu. Eu, como repórter iniciante na Globo, acabei dando um espaço que não era oportuno. Fiquei maravilhado com as jogadas do Zico e dediquei um tempo muito grande em uma matéria (que era) para mostrar o Vasco. Foi uma tietagem. Eu senti que eu me deixei levar, não intencionalmente, mas tentando fazer o melhor (…) Eu reconheci isso, mas foi ao ar assim. Houve críticas internas, mas nada grave. Não (ninguém nunca me reconheceu como torcedor do Flamengo). Eu não tenho um sotaque muito marcado pelo carioca, embora seja. Por ter feito a cobertura da seleção por muitos anos, as pessoas me perguntam se eu sou de São Paulo ou Rio Grande do Sul.

Tino Marcos

Outro ponto importante da conversa com Tino Marcos foi a convivência com o ex-técnico Dunga, que comandou a Canarinho entre os anos de 2006 e 2010, vencendo Copa América e Copa das Confederações, mas caindo na Copa do Mundo para a Holanda nas quartas-de-final. Tino relembrou que o ex-comandante era difícil de se lidar, principalmente com membros da imprensa.

A gente quer a notícia, não está em primeiro plano saber se fui bem tratado ou se não fui bem tratado. Sempre foi muito difícil com o Dunga na seleção. Não é porque ele não dava bom dia ou não queria saber da gente que eu daria uma porrada nesse cara, como eu já vi gente fazendo. A gente tem que construir essa coisa tão preciosa, que é a credibilidade, que é uma construção tão importante para qualquer repórter. Eu sempre tive o respeito dele, pelo fato de quando ele era jogador, ele me conhecer. Eu conheço o Dunga desde a época do Vasco. Ele sempre me tratou com respeito, mas me via como adversário por ser um membro da imprensa.

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